Antes mesmo do surgimento dos termos “gestão” ou “engenharia de produção" o homem já procurava organizar os recursos para fazer seus produtos ou para prestar serviços da forma mais racional possível. Desde os tempos pré-históricos a civilização humana tem transformado matéria primas em produtos acabados, pois faz parte da natureza humana transformar as coisas.
Então, com o passar dos anos foram surgindo necessidades de organização para um melhor aproveitamento da produção.
- Ano 4000 a.C. surgiu a necessidade de planejar, organizar e controlar as atividades de produção
- Ano 600 a.C. Nabucodonosor determinou normas de controle de produção incentivos salariais
- Ano 500 a.C na China se reconhecia a necessidade de sistemas e padrões. Nessa mesma época na Grécia, Platão enunciava o principio da especiação e importância do conhecimento especializado do artesão.
- Século XV – Arsenal de Veneza. Foi implantada a contabilidade de custos, utilização da linha de montagem e padronização das partes. Desenvolveu métodos de produção em massa de navios de guerra.
- Revolução Industrial – A partir do século XVIII. O processo de produção artesanal evoluiu durante milênios,esse tipo de produção esteve centrada na figura de um artesão (pessoa com conhecimento técnico e tecnológico necessário para transformar matéria prima em produto acabado). Esse modo de produção sofreu uma grande mudança com a revolução industrial, que foi marcado pelo surgimento da fabrica e invenção da maquina a vapor. O artesão foi substituído pela empresa industrial. Pois com a revolução industrial, os empresários começaram a se preocupar com o planejamento e o controle da produção como forma de garantir a maior produtividade possível.)
- James Watt - Máquina a vapor - Implantou em sua fundição soho diversos conceitos que são utilizados na indústria, como padronização das maquinas, planejamento das operações e a cronometragem dos tempos e movimentos realizados pelos operários.
A partir dessas necessidades, foi que surgiu a engenharia de operações e processos da produção que é a parte da engenharia de produção responsável por planejar, controlar e otimizar o processo produtivo. Essa área da engenharia de produção pode ser dividida em seis subáreas:
1. GESTÃO DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO E OPERAÇÕESUm sistema de produção é o conjunto de atividades e operações inter-relacionadas envolvidas na produção de bens ou serviços. A função de um sistema de produção é a satisfação de clientes através da provisão de bens e serviços que possuam alguma utilidade.
A gestão de operações preocupa-se com as atividades de projeto, planejamento e controle dos sistemas de manufatura, transporte, suprimento e serviços. Trata-se da maneira pela qual as empresas produzem bens ou serviços. Essa é uma função vital para a sobrevivência da empresa, pois é a parte administrativa que coordena o processo produtivo, pela utilização eficaz dos meios de produção e das funções gerenciais, na busca de obter produtos ou serviços com bom desempenho.
O engenheiro de produção que atua nessa área ocupa-se das atividades de gerenciamento estratégico dos recursos escassos, sua interação e dos processos que transformem esses recursos em bens ou serviços visando atender as necessidades de qualidade, tempo e custos de seus clientes. Esse profissional deve se preocupar com operações simples, qualidade do produto, necessidade dos clientes e a valorização do profissional.
Entre as principais responsabilidades da gestão de operações está a proteção da produção, que são medidas utilizadas para garantir a continuidade da produção ao longo do tempo. A proteção física envolve a construção de um estoque de recursos, de forma que qualquer interrupção de fornecimento possa ser absorvida pelo estoque, tanto de matérias-primas como de produtos acabados. A proteção organizacional é uma função de isolamento do pessoal da produção do ambiente externo, onde as outras funções organizacionais agem formando barreiras ou proteções entre as incertezas ambientais e a função produção.
Segundo Slack (2009), embora as operações sejam similares entre si na forma de transformar recursos de input em output de bens e serviços, elas diferem em alguns aspectos, quatro dos quais são particularmente importantes:
- Volume de output - Em sistemas de grande volume de produção há um alto grau de repetição de tarefas. Isso possibilita a especialização de trabalhadores, e a sistematização do trabalho e de ferramentas. A implicação mais importante disto é o custo unitário baixo, pois no mínimo, os custos fixos são diluídos num grande número de produtos. Em sistemas com baixo volume de produção há um número pequeno de funcionários e não há grande repetição de tarefas. Isso pode ser mais gratificante para o funcionário, mas é prejudicial para a sistematização. Além disso, o custo unitário é bem mais elevado, pois é pouco diluído. O capital exigido, no entanto, é intensivo.
- Variedade de output - Confronta produtos ou serviços altamente padronizados com outros produtos e serviços altamente flexíveis e customizáveis. O que é padronizado tem custos mais baixos e pode ter uma taxa de erros menor (e por consequência, uma qualidade maior).
- Variação da demanda do output - Contrapõe negócios de alta variação da procura instável com negócios de procura estável. O custo unitário de primeiro caso é maior, e ele deve adaptar-se para contratar funcionários temporários, etc
- Grau de Visibilidade que os consumidores possuem da produção do output - Depende do quanto da operação é exposto para os clientes. Operações de alto contacto exigem funcionários com boas habilidades de interação com o público. Operações de baixo contacto exigem funcionários menos qualificados, e podem ter alta taxa de utilização, por isso têm custos mais baixos. Visibilidade baixa tolera prazos de entrega mais longos, e por isso podem trabalhar com menor estoque.
1.2- 2. PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DA PRODUÇÃO
Entre todas as áreas, essa é aquela que realmente dita as normas da produção, possibilitando e objetivando um fluxo de fabricação ordenado e ritmado,com a coordenação dos meios utilizados: mão de obra, materiais e instalações, fazendo com que os objetivos determinados sejam alcançados dentro dos prazos previstos.
É o setor responsável pelo bom andamento de todo o organismo industrial, do seu funcionamento adequado e conseqüentemente os resultados obtidos pelo mesmo, pois, uma indústria desorganizada, não possuindo objetivos determinados e não cumprindo os prazos previstos e produção, terá afetada a sua meta principal que é o lucro.
Toda a atividade do PPCP tem inicio a partir da provisão de vendas. De posse dos pedidos ou da previsão da demanda elabora e encaminhada pela área comercia ou de marketing. O PPCP determina o que, quanto, onde, como, quando, com o que e com quem produzir.
Alguns conceitos:
- Planejamento da Produção - Atividades que determinam quais são as quantidades a serem produzidas, os volumes de materiais a serem empregados e os recursos necessários para a produção ao longo de um período que pode abranger meses ou anos;
- Programação da Produção - Atividades que determinam quais as quantidades a serem produzidas, os volumes disponíveis de materiais a serem empregados e os recursos que serão utilizados para a produção ao longo de um período que pode abranger semanas ou dias;
- Controle da Produção - Atividades que visam a coleta dos dados reais do processo produtivo a fim de determinar desvios e possibilitar ações preventivas e/ou corretivas. Estes desvios podem ser utilizados para identificar possíveis problemas na produção para uma máquina, ordem de produção, lote ou ainda ser utilizado como um dado consolidado para identificar tendências.
- Previsão da demanda: os métodos estatísticos e subjetivos de previsão de demanda auxiliam os gerentes de produção no dimensionamento da produção e dos recursos materiais e humanos necessários. A previsão de demanda assume um papel ainda mais importante quando a empresa adota uma estratégia de produção para estoque.
- Planejamento da capacidade de produção: a partir da previsão de demanda de médio e longo prazo e da análise da capacidade instalada, determina-se a necessidade de adequação (aumento ou redução) da capacidade de produção para melhor atender a demanda no médio e longo prazo.
- Planejamento agregado da produção (PAP): visa determinar a estratégia de produção mais adequada para a empresa. No plano agregado, estão as decisões de volumes de produção e estoque mensais, contratação (ou demissão) de pessoas, uso de horas-extras e subcontratação, contratos de fornecimento e serviços logísticos. Usualmente, o horizonte de planejamento é anual com revisão mensal dos planos.
- Programação mestra da produção (PMP): trata-se da operacionalização dos planos de produção no curto prazo. No programa mestre são analisados e direcionados os recursos (máquinas, pessoas, matérias-primas) no tempo certo para produzir a quantidade necessária para suprir a demanda de determinado período. Nessa etapa, temos uma definição mais precisa dos itens e quantidades de produção e estoques, com um grau de detalhamento maior que o utilizado no planejamento agregado, incluindo não apenas previsões de demanda, como também pedidos firmes e ordens abertas de produção e compras.
- Programação detalhada da produção (PDP): é a operacionalização propriamente dita no “chão da fabrica”. Define como a fábrica irá operar no seu dia a dia. As atividades que envolvem a programação da produção são: administração de materiais, seqüenciamento das ordens de produção, emissão e liberação de ordens.
O engenheiro de produção atuante nessa área trás para a empresa muitas oportunidades de ganho devido ao fato de visualizar toda a produção de uma maneira mais ampla e detalhada, vendo a empresa como um todo , otimizando todo o processo para um melhor desempenho e organização da empresa.
1.3- 3. GESTÃO DA MANUTENÇÃO
A função manutenção dentro da empresa representa um alto potencial de contribuição para o aumento da produtividade. As equipes de manutenção devem ser considerados como parte integrante do esforço de produção da fabrica.
As atividades da função manutenção tem a finalidade de assegurar um estado satisfatório, previamente especificado, de equipamentos e instalações.
Tipos de manutenção:
- Manutenção corretiva – são intervenções não programadas realizadas depois que a falha já ocorreu e tem, portanto, caráter emergencial. São executadas sempre que ocorrem paradas inesperadas de maquinas por falha, e ocupam um período de tempo que estava programado para que a maquina estivesse em produção.
- Manutenção preventiva – consiste em uma manutenção feita em períodos regulares, previamente programado, com substituição de peças, etc. tem o caráter preventivo de interferir em maquinas e equipamentos antes que ocorra uma falha inesperada.
- Manutenção preditiva – consiste em providenciar uma manutenção eficaz que mantenha a maquina ou equipamento com desempenho aceitável no momento adequado. Esse momento é estabelecido mediante um estudo e acompanhamento cuidadoso dos elementos que intervêm no processo de operação, visando detectar a iminência de uma falha. Também tem caráter preventivo.
O engenheiro de produção que atua na área de gestão da manutenção é quem elabora o plano de manutenção da empresa, aplicando assim o sistema de manutenção mais adequado para seu tipo de produção.
Os principais benefícios a serem atingidos com a implementação da gestão da manutenção são: Alinhamento das atividades de manutenção com as metas e objetivos organizacionais; redução dos custos da atividade; aumento da produtividade da gestão de manutenção; melhoria da qualidade do serviço; maior satisfação de clientes internos e externos.
4. PROJETO DE FABRICA E DE INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS
O “arranjo físico” de uma operação ou processo é como seus transformadores são posicionados uns em relação aos outros e como as varias tarefas da operação serão alocadas a esses recursos transformadores. (Slack, 2009).
A escolha do arranjo físico é muito importante, pois é onde ficará definido o local de cada componente do sistema. Diversos modelos de layout visam a redução da movimentação dentro da área fabril. Se o arranjo físico não estiver certo, isso pode levar a padrões de fluxos muito longos, operações inflexíveis, altos custos, perdas na produção, etc. Entao, o ponto de partida para o gerente de operações definir o arranjo físico a ser empregado, é fazer uma avaliação extensiva dos objetivos que o arranjo físico esta tentando alcançasr.
Os objetivos do arranjo físico dependerão dos objetivos estratégicos de uma operação. Em quase todas as operações são relevantes: segurança inerente; extensão do fluxo; clareza de fluxo; conforto para os funcionários; coordenação gerencial; acessibilidade; uso de espaço; e flexibilidade de longo prazo.
Tipos básicos de arranjos físicos:
- Posicional – quem sofre o processamento fica estacionário, ou seja, os recursos transformados não se movem entre os recursos transformadores. Enquanto equipamento, maquinário, instalações e pessoas movem-se na medida do necessário.
- Funcional – processos similares ficam localizados juntos um do outro,para que desa forma a utilização dos recursos transformadores sejam beneficiada. Ex: hospital, supermercado.
- Celular - É aquele em que os recursos transformados, entrando na operação, são pré-selecionados para movimentar-se para uma parte específica da operação (ou célula) na qual todos os recursos transformadores necessários a atender suas necessidades imediatas de processamento se encontram. Podendo também prosseguir para outras células.
- Por Produto - Envolve localizar os recursos produtivos transformadores inteiramente segundo a melhor conveniência do recurso que está sendo transformado. Cada produto, elemento de informação ou cliente segue um roteiro predefinido no qual a sequência de atividades requerida coincide com a sequência na qual os processos foram arranjados fisicamente.
Processos produtivos contínuos são aquelas em que na produção de bens e serviços onde o produto não pode ser identificado individualmente. Assim, não se consegue separar facilmente dentro da produção uma unidade do produto das demais. Esse sistema é empregado quando há uma alta uniformidade na produção e na demanda, fazendo com que os produtos e processos sejam interdependentes, o que favorece sua automação. Deve ser utilizado para a produção de grandes volumes e produtos com baixa variedade e alta demanda.
Nesse tipo de sistema, são necessários investimentos muitos altos em equipamentos e instalações e a mão-de-obra é empregada apenas para condução e manutenção das instalações.
Uma vantagem para esse tipo de processo é que os tempos de espera entre os processos são, praticamente, nulos. Porém, a flexibilidade para a mudança de produto é baixa e o tempo de setup para este tipo de processo é bem elevado. Ex: fabrica de refrigerantes.
Processos produtivos discretos são aqueles em que a produção de bens e serviços podem ser isolados em lotes ou unidades. Não depende do tipo de produto em si, mas da forma como os sistemas estão organizados para atender a demanda.
Esses tipos de sistemas podem ser divididos em:
- Produção em massa – utilizado para produção em larga escala, com produtos altamente padronizados, exigindo mão-de-obra altamente especializada na transformação do produto.
- Produção em lotes – esse processo é caracterizado pela produção de um volume médio de bens ou serviços padronizados em lotes. O lead time de processo é maior que nos outros casos, observando que as empresas trabalham com a lógica de estoques entre as fases do processo produtivo para garantir a etapa seguinte do processo de produção.
- Produção sob-encomenda – a montagem desse sistema de produção é voltada para o atendimento das necessidades do cliente. O cliente é quem especifica como quer o produto. Exige-se alta flexibilidade dos recursos produtivos com foco no atendimento das necessidades dos clientes.
1.6- 6. ENGENHARIA DE MÉTODOS
A Engenharia de Métodos é a técnica que preocupa-se diretamente com a implantação de métodos e com a análise da carga de trabalho, com a finalidade de melhorar o rendimento do trabalho e suprimir toda operação desnecessária de uma tarefa. Inclui atividades, tais como:
- treinamento dos empregados;
- indicação do equipamento e do procedimento de cada operador;
- determinação da disposição dos materiais e ferramentas nos postos de trabalho;
- especificação do tempo em que as tarefas devem ser realizadas.
Em resumo, a Engenharia de Métodos preocupa-se com a integração do homem em um processo produtivo. Estuda e analisa o trabalho de forma sistemática, resultando desta análise, o desenvolvimento de métodos práticos e eficientes e o estabelecimento de padrões de realização.
Duas partes principais que compõem a engenharia de métodos:
Duas partes principais que compõem a engenharia de métodos:
- Projeto de Métodos ou Estudo de Movimentos - Preocupa-se em encontrar o melhor método de se executar uma determinada tarefa.
- Medida do Trabalho ou Estudo de tempos - Visa determinar o tempo-padrão para executar uma tarefa específica.
É importante ressaltar a existência ainda de duas partes complementares:
- Padronização da Operação — depois de ter sido encontrado o melhor método de se executar uma operação, esse método deve ser padronizado. O conjunto de movimentos do operador, as dimensões, a forma e a qualidade do material, as ferramentas, os dispositivos, os gabaritos, os calibres e o equipamento devem ser especificados com clareza.
- Treinamento do Operador — o mais eficiente método de trabalho tem pouco valor a menos que seja posto em prática. É necessário treinar o operador para executar a operação da maneira preestabelecida.
Os objetivos do estudo de métodos de trabalho são: melhorar os processos e os procedimentos; melhorar a disposição da fábrica, seções e postos de trabalho; economizar o esforço humano, reduzindo a fadiga; racionalizar a utilização de materiais, máquinas e mão-de-obra; criar melhores condições de trabalho; reduzir o número de acidentes e doenças do trabalho; aumentar a produtividade da empresa. Por fim, a engenharia de métodos tem a função de estudar o trabalho com o intuito de garantir que a utilização dos recursos seja feita de modo mais efetivo possível, se reveste da maior importância para o bom desempenho do sistema de Produção.
Aplicações:
O planejamento e controle da produção de uma prestadora de serviços: o
caso do SEBRAE Ceará.
O planejamento e controle da produção na indústria derevestimentos cerâmicos.
Realização de estudo de tempos e movimentos numa indústria decolchões.
Referências:
SLACK, N., CHAMBERS, S., JOHNSTON, R., Administração da produção, 3ª edição. São Paulo: Atlas, 2009
BATALHA, Introdução à Engenharia de Produção.
http://www.ebah.com.br/content/ABAAABKmUAA/gestao-manutencao (Acesso dia 17/10/2011)
http://www.dep.ufmg.br/graduacao/perfil.html (Acesso dia 17/10/2011)
http://www.slideshare.net/dianafpc/aula-3-gesto-de-operaes (Acesso dia 17/10/2011)